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As crianças e jovens que viviam na cidade paulistana nos anos iniciais do século XX tiveram seus momentos para a diversão, normalmente com grupos de amigos. Identificaram-se  brincadeiras e jogos conhecidos entre esses sujeitos. A cidade de São Paulo crescia a cada dia, com a entrada de imigrantes das mais diversas etnias. As novas fábricas atraiam a mão de obra que estava ociosa no interior do estado. O aumento no fluxo de bondes para o transporte de passageiros e de carroças de serviços nas ruas cresceu, na mesma proporção que as fábricas. As ruas tornaram-se mais movimentadas e, consequentemente, mais perigosas, começaram a ameaçar e restringir a diversão da meninada. A fonte primária para este estudo foram as notícias de um periódico em circulação chamado O Estado de S. Paulo. As referências teóricas foram compostas por Cruz (2013) quando tratou da urbanização da cidade paulistana e de Pereira (2010) que focou no desenvolvimento fabril e urbano no início do século XX; Moura (2000) abordou a questão do trabalho infantil na urbe; e Autor (2018) por estudar os abandonados e órfãos na capital paulista; entre outros. Conclui-se que, apesar da expansão da cidade e do breve trânsito nas ruas, as crianças e jovens conseguiram divertir-se e encontrarem locais para sua recreação

Este trabalho tem como objetivo analisar as propostas de educação e escolarização de crianças com idade entre três e sete anos apresentadas para discussão no Congresso de Instrução, que seria realizado na cidade do Rio de Janeiro em 1883, contudo, por disputas políticas, o evento foi cancelado. Para fins de análise, selecionamos os pareceres que foram publicados pela Tipografia Nacional em 1884, que trataram e/ou abordaram a questão dos jardins de infância. Como aporte teórico e metodológico optamos seguir as proposições que levam em consideração os sujeitos como agentes da história, que pela experiência deram sentidos e significados para suas pautas de lutas e embates sociais. Por fim, embora o evento não tenha sido realizado, compreendemos que as discussões propostas para a educação e escolarização de crianças menores de sete anos pelo Congresso de Instrução é um marco da educação brasileira do século XIX, já que compõe a primeira discussão em escala nacional no qual os jardins de infância foram considerados como a primeira etapa da escolarização.

Este primeiro número referente ao segundo ano de existência da Revista Caminhos da Educação nasceu num momento excepcional. Todas as pessoas que respiram foram impactadas pela pandemia do novo Coronavírus. Parte deste trabalho foi  realizado por pessoas que viviam uma inédita situação de quarentena. Agradecemos as autoras e autores que tornaram esse primeiro número de 2020 possível, com especial atenção a professora Cíntia Borges de Almeida, organizadora do dossiê Representações de infância: discursos, narrativas e experiências educacionais, o qual traz oito artigos sobre a temática. Além dos 8 artigos do dossiê temático, este número traz na seção Fluxo Contínio o artigo Significações de coordenadores pedagógicos acerca da formação contínua de professores: análise a partir da Psicologia Sócio-Histórica, de autoria de Cristiane de Sousa Moura Teixeira; e uma entrevista exclusiva com o professor doutor Elizeu Clementino de Souza. Longe das escolas, distantes dos pátios, sem recreio e sem a socialização com outras crianças, a quarentena também impactou os modos de ser criança no século XXI. Como será o amanhã? A única certeza que temos é que nada será como antes.

Entrevista concedida em 30 de janeiro de 2020, por Elizeu Clementino de Souza (UNEB) a Ednardo Monteiro Gonzaga do Monti (PPGEd/ UFPI) e Alexandra Lima da Silva.

Nesse artigo pretende-se investigar a estrutura de sentimento dos jovens ocidentais relativa aos conflitos sociais ligados ao embate entre as condições históricas contingentes e a liberdade emancipatória vinculadas às relações da humanidade com a (sua) natureza por meio de um artefato da cultura histórica: a websérie alemã de ficção científica “Dark” (2017-2019) produzida pelo serviço de “streaming” da Netflix. Busca-se compreender os processos históricos ligados à relação entre a estrutura de sentimento (WILLIAMS, 2003) pertencente à cultura juvenil e expressa pela cultura histórica de uma comunidade (RÜSEN, 2016), o novo humanismo (RÜSEN, 2015) e o princípio da “burdening history” proposto por Bodo von Borries (2018). Constrói-se uma interpretação a partir das tipologias desenvolvidas por Frederic Jameson (2009) e Raymond Williams (1978) referentes ao gênero da ficção científica e sua relação com a utopia ― e sua necessária contraparte, a distopia ― e o futuro a partir do modo como os personagens que representam jovens na referida websérie abordam as temáticas dos conflitos sociais referentes às condições históricas e à emancipação humana vinculada a sua relação com a natureza. Esta pesquisa tipológica será um embasamento para o desenvolvimento de ferramentas de pesquisa como critérios metodológicos, a fim de, no futuro, investigar as ideias históricas de jovens estudantes brasileiros sobre uma aprendizagem histórica humanista a partir da relação dos seres humanos com o outro e com a (sua) natureza.

Pensar como o seriado Atipycal pode ser utilizado como um recurso pedagógico, é o objetivo desse artigo. Para tanto, exploramos alguns aspectos das três temporadas de Atipycal, seriado produzido pela Netflix. Atipycal aborda de uma forma descontraída as dificuldades e desafios enfrentados por Sam, um adolescente dentro do espectro autista, em grau leve. Ao problematizar as relações familiares e as dificuldades encontradas pela família Gardner para lidar com Sam, a série também evidencia a importância do engajamento da família para o desenvolvimento de uma pessoa dentro do espectro. Dessa forma, o seriado é um importante mecanismo que possibilita ao público conhecer e refletir sobre as condições de vida e a inclusão escolar e social de uma pessoa autista. Assim, a série pode ser utilizada como um recurso pedagógico em sala de aula, pois, Atypical nos possibilita refletir sobre como a escola tem lidado com as diferenças.  

Este artigo se propõe a refletir sobre o uso educativo das séries, mas especificamente da minissérie The book of negroes e as questões levantadas sobre o período escravista. Através da comparação entre personagens ficcionais e histórias verídicas, o trabalho aborda as estratégias utilizadas para submissão das pessoas, assim como modos de superação e resistência realizados por escravizados e seus descendentes. Tendo como base os trabalhos de pesquisadores brasileiros (CHALHOUB, 2011; BONCIANI, 2017; SILVA, 2019, 2018, 2017; BARROS, 2016; ALONSO, 2015) e alguns impressos do século XIX, será analisada a trajetória de negros que viveram a escravidão, mas encontraram espaços para se colocarem diante dessa realidade, estabelecendo sentidos e significados próprios para a liberdade dentro de um sistema opressor. Assim, se pretende auxiliar na construção de novas narrativas para a historiografia e o seu posicionamento com relação à população escrava e negra.

O artigo analisa os episódios que compõem a primeira temporada do seriado norte-americano Everybody Hates Chris e dialoga com a bibliografia das ciências humanas e sociais sobre a questão racial (NOGUEIRA, 2006), (BICUDO, 1955)  a fim de: (1) debater as configurações das relações étnico-raciais no Brasil e nos Estados Unidos; (2) identificar como a questão racial é tratada na série; (3) discutir as possibilidades para a reeducação das relações étnico-raciais no ambiente escolar. As considerações finais do presente artigo perpassam pelo reconhecimento do racismo como um sistema operante no Brasil, apesar da valorização da mestiçagem como elemento formador do povo brasileiro, a compreensão do racismo como processo de não reconhecimento da individualidade de sujeitos negros e a presença de elementos semelhantes entre a questão racial apresentada na série e a realidade social brasileira.

Este trabalho visa analisar o papel educativo da série Anne with an E por via dos enfrentamentos que surgem na vida de sua personagem principal, “Anne”. Para tanto, a operação metodológica se deu a partir da análise dos discursos abordados nos episódios retratados na série. Acreditamos que o seu alcance extrapola o campo do entretenimento, funcionando, também, como um recurso educacional por trazer problemáticas que envolvem discussões sociais abordadas na atualidade, bem como pelo alcance cognitivo afetivo (ALBUQUERQUE JR, 2016) que a produção cinematográfico-televisiva pode proporcionar. A própria trajetória da personagem – da infância à adolescência – nos remete a um universo de aprendizados, explícito no processo de amadurecimento e descobertas, que podem se tornar temáticas de trabalho em sala de aula, à luz da História da Educação. Entrelaçados a isso, insurge um contexto de enfrentamentos, elucidado nas figuras de diferentes personagens que vão surgindo ao longo da narrativa, que enfrentam questões em torno da sexualidade, de questões étnico-raciais, além da discussão de gênero, um debate central na história de Anne with an E.

O presente artigo tem como objetivo principal analisar a dimensão educativa do seriado de TV Fresh Prince of Bel-Air, traduzido no Brasil com o nome de Um Maluco no Pedaço. As reflexões apresentadas aqui fazem parte de reflexões iniciais acerca do debate que versa sobre a questão da identificação na representação de experiências negras nas mídias de massa. Partindo da questão: “O que esta série tem a contribuir no currículo e na educação de crianças e jovens brasileiros?”, pensaremos aqui em como o humor de seriados voltados para o público negro pode ser encarado por meio da dimensão educativa para compreensão de questões relacionadas às relações étnico-raciais das sociedades afrodiaspóricas e conteúdos sensíveis, mais especificamente no Brasil e nos Estados Unidos.