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Por ser tão amplo o tema deste trabalho, pareceu-nos conveniente introduzir, desde o início, um critério suficientemente concreto para eliminar o que nele entendemos por “pesquisa educacional”. Para atingirmos os fins pretendidos, identificá-la-emos com o gênero de pesquisa social que Philip H. Coombs chamou “pesquisa para o planejamento da educação” (Coombs, 1970: passim). Esta é uma conceituação instrumental, visto basear-se na orientação da pesquisa, sem considerar-lhe a natureza nem as características; apesar disso, sua utilização oferece várias vantagens, especialmente a de reduzir o tema que nos interessa a uma dimensão relativamente operacional. Em termos gerais, este conceito abarca qualquer pesquisa, procura de informação, ou análise científica que pretende ampliar e aprofundar o conhecimento do planejamento educacional, ou torná-los mais eficaz quanto aos fins que se propõe. Em termos mais concretos, o conceito inclui as pesquisas que visem aprofundar nossa compreensão ou facilitar a solução de algum problema que deve ser resolvido pelos planejadores da educação; ou então, desenvolver novas técnicas e metodologias destinadas ao tratamento de algum dos problemas mencionados. Convém esclarecer que, ao utilizar este conceito, não estamos considerando o planejamento educacional como um campo específico das ciências sociais, mas como uma área para onde confluem especialistas em diferentes ciências, afim de colaborar na análise e solução de problemas que afetam qualquer processo educativo - ou são por ele afetados...

Na América Latina, as condições do mercado de trabalho limitam seriamente o interesse em desenvolver pesquisas no campo de educação. Apesar disso, existe uma quantidade importante de pesquisas, tanto nas Universidades como nos Ministérios que tende a crescer rapidamente. Observou-se recentemente o aparecimento de novas revistas de circulação regional editadas em espanhol. Se bem que a capacidade de divulgação das revistas seja marcadamente inferior as pesquisas que se completam anualmente em língua espanhola, não se observa grande demanda por parte dos pesquisadores para que se lhes publiquem os trabalhos. Tem se assinalado a falta de comunicação em inúmeras reuniões regionais, mas não se tomaram medidas eficientes a respeito. A circulação de resumos (sem ter que se assegurar um controle rigoroso da qualidade), tanto de trabalhos terminados como dos trabalhos em curso ou em esboço, parece uma resposta adequada para estimular desenvolvimentos ulteriores. O esforço dos melhores centros de pesquisa para organizar reuniões dos pesquisadores de cada país poderia ser outro passo complementar dentro dos recursos disponíveis. O estreitamento de vínculos entre os organismos regionais, o intercâmbio de pesquisadores e os estudos multinacionais podem ser outras medias

Definir termos constitui geralmente o método mais enfadonho para começar qualquer exposição, mas nesta ocasião não vejo outra alternativa. O planejamento educacional encontra-se ainda nesse estado amorfo em que não existe concordância ainda quanto a seus limites. A ele chegamos, vindos de direção diferente, e a trilha que seguimos determina, não em que pequena medida, a forma e o conteúdo daquilo que vemos a nossa frente. E pouco adianta consultar o dicionário em busca de uma definição; o planejamento educacional adquiriu novas dimensões durante a década passada, e não se pode traçar-lhe o perímetro baseado somente na teoria; é preciso comprová-lo meticulosamente na prática antes que se possa incorporá-lo numa fórmula verbal que a maioria das pessoas aceite...

O título do presente trabalho sugere a discussão das relações entre avaliação e planejamento dentro do contexto educacional. A análise de questões conceituais e metodológicas ligadas a essa problemática exige, porém, que examine, preliminarmente, de um lado a natureza do processo educacional e, de outro, a sistemática do planejamento educacional...

Os problemas de marginalização cultural somente começaram a preocupar os países desenvolvidos - principalmente os Estados Unidos - na década de 60. Até então muito se escrevera sobre diferenças entre grupos sócio-econômicos e raciais; porém, na sua maioria, tais trabalhos não passavam de constatações sobre a inferioridade de rendimento escolar, ou de estudos comparativos de características de realização menos favoráveis de um dos grupos em questão. O interesse em aprofundar esses estudos, e de dar ao assunto um enfoque cultural, resultou da problemática política daqueles países, evidenciando-se por ocasião das reivindicações de grupos minoritários atuantes. Urgia oferecer a estes indivíduos melhor preparo, melhores currículos e um nível de adequação vital mais satisfatório em relação ao que vinha sendo dado; essa pressão gerou a necessidade de conhecer aprofundadamente as características de tais grupos, os mais importantes fatores sociais, psicológicos e educacionais incidentes no quadro e os instrumentos apropriados para uma correta avaliação dos problemas relativos às populações culturalmente marginalizadas.

O presente relatório descreve a primeira fase de um projeto que visa a estudar a relação entre p comportamento que visa a relação entre o comportamento de candidatos nos exames de seleção e seu desempenho, na condição de alunos, na vida acadêmica. Inclui dados referentes aos candidatos selecionados através dos exames realizados pela Fundação Carlos Chagas - CESCEM e destinados à Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo nos anos de 1966 e 1967. Sendo um estudo correlacional não se preocupam com a questão da causalidade. Um dos objetivos será indicar se os estudantes selecionados são mais bem sucedidos do que o seriam os estudantes não selecionados, indicação que é feita através do estabelecimento do valor preditivo do instrumento de seleção. Embora novos testes sejam usados em cada vestibular, são construídos visando aos mesmos objetivos, de forma que se justifica a extrapolação cautelosa dos resultados para os anos subseqüentes, e a análise dos dados obtidos fornece subsídios valiosos para o planejamento de futuros vestibulares.

Os planos de desenvolvimento econômico e social que se elaboram em um número cada vez maior de países definem, a prazo mais ou menos longo, a evolução possível do conjunto das atividades nacionais e, para atingir os objetivos estabelecidos, esforçam-se por disciplinar e racionalizar os trabalhos nos diferentes setores da produção de bens e serviços. Conforme o país e o caráter de seu regime econômico, os objetivos do plano são mais, ou menos, imperativos ou indicativos. De fato, não obstante as terminologias diferentes, Oe métodos de elaboração dos planos não são basicamente diferentes e acresce que os planejadores empregam, hoje em dia, uma linguagem amplamente internacional. De modo, os educadores não só estão pouco familiarizados com esses métodos e com essa linguagem - o que, para a maioria deles, é perfeitamente natural - como também experimentam certa hesitação diante de trabalhos que lhes parecem referir-se, essencialmente, à produção de bens materiais e, muito pouco, ao setor da educação e da cultura ao qual se consagram. Na verdade, como veremos mais adiante, justamente devido às técnicas que empregam - de modo especial, as da contabilidade nacional - a às estreitas interrelações que ligam todos fatores do desenvolvimento, os planificadores são obrigados a incluir em seus planos todos os aspectos da vida econômica, social e cultural do país; suas previsões, portanto, são uma condição necessária ao desenvolvimento do sistema escolar e universitário.

A transição entre a escola média e a escola superior permanece como um dos pontos de estrangulamento do sistema educacional brasileiro. Muito embora o número de vagas do ensino superior tenha sofrido um aumento extraordinário, esta expansão não apresenta homogeneidade do ponto de vista qualitativo. Como conseqüência, a clientela mais exigente, que não está apenas em busca de um diploma qualquer, mas procura melhores condições para a aprendizagem e a formação, mantém em nível altamente competitivo a disputa pelas oportunidades de estudo em determinadas instituições. Nessas condições, como a demanda de vagas continua muito superior à oferta, impõe-se a seleção dos candidatos segundo um critério coerente com os valores e ideais dominantes. Se tais valores não são colocados em questão, o critério utilizado pode ser percebido, não como apenas um dos critérios possíveis, cuja escolha é o resultado de um processo de decisão, mas como o critério único e incontestável.Quando os responsáveis pela política educacional decidem que os candidatos selecionados serão os que apresentam maiores aptidões para o aproveitamento de experiência educacional, esta decisão corresponde amplamente às exigências de uma ideologia que valerá a capacidade intelectual e a realização individual.